Debate sobre o Livro: Histórias de captura
Investimentos mortíferos nas relações mãe e filha da autora Ana Cláudia Meira
Por Laura Sacchet Jaskulski
Debater sobre as histórias de captura e os investimentos mortíferos nas relações mãe e filha, é adentrar na temática do investimento pulsional no tempo inicial da vida do infans.
Momento inaugural que, dos primeiros arranjos - choro e desconforto -, poderá advir um acorde, um começo de uma melodia rudimentar de comunicação do bebê junto a mãe, ou, poderá resultar em dissonâncias e estrondos, - berço do trauma sem uma trama psíquica. Tempo das primeiras impressões e inscrições inconscientes, no qual o Eu do infans encontra-se extremamente vulnerável nas origens, dependente do objeto.
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No princípio foi o ato?
Marcas da violência doméstica
No início, era apenas ciúme, mas até então Cristina gostava, via isso como sinal de que ele gostava dela. O ciúme evoluiu para situações de controle cada vez maiores. Em mais um rompante ela termina o relacionamento. Foi ao encontro do ex-namorado no portão de sua casa, pensou que ganharia flores, um pedido de desculpas; teve dois dedos da mão quebrados.
Nara achava que o ciúmes que seu namorado demonstrava, "apimentava a relação". "Ele prestava atenção a todos os detalhes". "No início, isso era bom". Com o tempo, a desconfiança passou a ser o motivo de discussões cada vez mais violentas.
(In)doméstica Violência: marcas do narcisismo primário ferido?
Escrito do Boletim do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre - CEPdePA, edição julho 2022.
Foto: Liebespaar (Amantes, em tradução livre) (1914)
Artista Egon Schiele
A Dor do DesAmor:
Feminicídio eViolência Doméstica na Pandemia
Escrito do Boletim do Centro de Estudos Psicanalíticos de Porto Alegre - CEPdePA, edição julho 2021.
Foto: Das Schlafende Mädchen (1913)
Artista Egon Schiel
Tradução livre: A Menina Adormecida
Egon Schiele foi um pintor austríaco.
Seu traçado intenso traduz a transcendência
do desamparo humano.
Complexo melancólico:
o anseio da alma
O artigo parte de uma reflexão sobre o sentimento de nostalgia - esta estranha sensação de incômodo e desconforto diante de términos, perdas e separações presentes na vida. Encontra no "complexo do semelhante" (Freud, 1895) respaldo para propor como hipótese que a expressão "complexo melancólico" (Freud, 1917) tenha status de conceito estrutural, indo mais além do caráter psicopatológico dado por Freud. Sustenta a ideia de ser este complexo constitutivo do anímico, em um período anterior à constituição do desejo.
Trabalho realizado pelo Grupo de Estudos "Revisitando a Metapsicologia Freudiana" do CepdePa.
Depois a Louca Sou Eu
Este escrito é sobre Dani, protagonista do filme Depois a Louca Sou Eu. Desde pequena ela é assolada por momentos de angústia intensa, fobias. Atormentada de que algo pudesse acontecer à sua mãe, precisa constantemente certificar-se de que ela esteja bem.
O paradoxo do desejo: do mortífero a Eros
Este trabalho é resultante do percurso de uma análise. História que narra as manifestações da dor e do viver, as dores do corpo e da alma. Bela, a personagem desta narrativa compila e conta a história de muitas mulheres, que na sala de análise, revelam seus medos, sofrimentos e angústias.
Neste processo analítico, percebe-se como a intensidade do desamparo foi colapsando o nascimento incipiente do desejo, revelando no corpo as dores que não tinham voz pela palavra. O corpo, para além do biológico, também é o meio de expressão daquilo que o psíquico não dá conta de pôr em imagens ou palavras. Desta forma, muitas vezes, o sintoma converte-se em expressão do psíquico, quando não há espaço para a subjetivação.
Em um espaço de análise, torna-se possível compreender, historicizar e transformar as questões traumáticas. Enfim, conhecer-se a si mesmo, a própria história, se redescobrir para que seja possível fazer mudanças do que é vivido como penoso; e nos tornar-se sujeito do seu próprio desejo.
Paixões, sentimentos, sensações, dores, e
tristezas, porém, precisam de uma escuta singular que produzam eco no analista. Eles imprimem marcas em nosso fazer psi, tornando-nos diferentes a cada encontro ou (re)encontro com nossos analisandos. Isso é algo, que, segundo as palavras de Nasio (2003), está
além da "nossa sensibilidade" para compreender e livrar nossos
pacientes de seu sofrimento: "É preciso também experimentar em nós esse
sofrimento, isto é, senti-lo vividamente, e isto sem ficar perturbado. [...]
Não
se trata de sentir o sofrimento atual que leva o paciente ao consultório, mas a
antiga dor de seu trauma infantil: sentir em si o que o outro esqueceu.
[...] É a única forma de o analista conhecê-lo verdadeiramente e
tratá-lo de maneira eficaz. Dito isto, ele não pode se deixar invadir por uma
emoção grande demais ou sucumbir à compaixão. Isso seria um enorme obstáculo à
compreensão da situação. Ao longo dos anos, o analista aprendeu a controlar sua
empatia e a não deixar desestabilizar. Decerto ele continua humano e caloroso,
mas de modo algum compadecido" (NASIO,
J. D. Um psicanalista no divã. p. 11-21. Rio de Janeiro: Zahar,
2003).
Estes são alguns trechos contidos no trabalho O paradoxo do desejo: do mortífero a Eros.
coautoria em dois artigos:
Em construção. Mais noticias em breve.